quinta-feira, 24 de maio de 2007

O que somos afinal?

Enquanto caminhamos despreocupadamente pelo caminho de atribuirmos às coisas o valor que apenas devíamos atribuir às pessoas - esperando que a posse delas pudesse satisfazer as ânsias de felicidade dos nossos corações - fomos dando, simultaneamente, passos firmes na direcção de nos considerarmos a nós mesmos como coisas.
Começámos por utilizar outras pessoas para os nossos interesses. Não, inicialmente, de forma a lesar demasiado essas pessoas - deixávamos os assassinatos e as injustiças horrorosas para os malfeitores e outras pessoas sem escrúpulos. Aos poucos, porém, vamos deixando que certas mentalidades coisificantes cresçam em nós e nas nossas estruturas sociais.
À custa de não analisarmos com profundidade essa forma de pensar, à custa de sermos superficiais e frívolos, à custa de omitirmos aquilo que devíamos ter feito, deixámos que ela se colasse por todo o lado, e o mais preocupante é que agora ela não está apenas fora de nós. Estamos, também nós, inclinados a achar razoável o assassinato da criança por nascer quando o seu nascimento, por qualquer razão, se nos torna incómodo. Não vemos nela uma pessoa como nós, mas uma coisa. E, por isso, admitimos fazer dela o que seria natural fazer com uma coisa: usá-la ou eliminá-la.

3 comentários:

Catarina disse...

"Estamos, também nós, inclinados a achar razoável o assassinato da criança por nascer quando o seu nascimento, por qualquer razão, se nos torna incómodo."

Até que ponto temos o direito de matar um ser,que se prova ter já as faculdades mentais que nos atribuímos,apenas para satisfazer os nossos caprichos egoístas?

Corvos Pretos disse...

Aquilo que parece uma simples questão, é, na verdade, uma questão muito complexa! Será que devemos ser a favor ou contra a despenalização do aborto? O que será mais correcto?, acabar com uma Vida, mesmo antes de ela começar ou deixar que essa futura criança venha ao mundo para ser desprezada,maltratada e até, muitas vezes, morta como tantas notícias que se ouvem de vez em quando.
Primeiro de tudo: hoje em dia toda a gente tem acesso fácil aos mais diversos métodos contraceptivos. Para quem não sabe, alguns deles são oferecidos nos Centros de Saúde, como algumas marcas de pílulas e preservativos. Pode-se, assim, evitar muita coisa indesejável, mas infelizmente esse tipo de informação não está disponível a todos, como gostaríamos de pensar que está. Acho que o Estado deve agora garantir as condições de segurança para a saúde das mulheres que decidem recorrer a uma IVG. Deve igualmente garantir o desenvolvimento de políticas de educação sexual, prevenção e planeamento familiar, nomeadamente, o acesso a consultas de planeamento familiar e a acessibilidade à contracepção, incluindo à contracepção de emergência, concretizar a educação sexual e garantir a protecção social da maternidade-paternidade.

Catarina disse...

Pois...

«Estudos de mulheres que fizeram aborto mostram que o aborto não é uma questão de dar a mulher uma “escolha.” É, tragicamente, uma situação em que as mulheres sentiram que não tinham NENHUMA ESCOLHA, sentiram que ninguém se importava com elas e com seu bebê, dando-lhes alternativa alguma a não ser o aborto. A mulher se sente rejeitada, confusa, com medo, sozinha, incapaz de lidar com a gravidez - e, no meio disto tudo, a sociedade lhe diz, “Nós eliminaremos o seu problema eliminando o seu bebê. Faça um aborto. É seguro, fácil, e uma solução legal.”»

Hum.. pensando nisto, eu nao dixe k a mulher nao tem o direito de escolher o seu futuro, mas pergunto-me até que ponto temos o direito de o fazer matando alguém...

Primeiro, porque a criança às 20 semanas já tem sentimentos e todos os sistemas formados, excepto o pulmonar, obviamente! Para além disso, por muito que a mãe não a deseje, estabelece uma relação com ela e provavelmente arrepender-se-á mais tarde da sua decisão.
Depois, não avisam a mulher que as técnicas abortivas, além de fazerem o bebé sofrer, porque o matam sem anestesia, provocam várias consequências negativas sobre a mulher. Sendo,lacerações uterinas, perfurações cervicais, endometrite, cancro da mama, cervical, dos ovários e fígado, disfunções sexuais, depressão, tendências suicidas, abortos espontâneos sucessivos, infertilidade total, entre muitos outros!!

Acho que o estado devia investir na educação destas crianças, cujas mães a maioria das vezes abortam por não ter possibilidade de as criar, em vez de nos oferecer esta solução decrépita...

Caramba, há países onde se pagam os estudos às crianças, em que até se incentiva monetariamente os pais a terem filhos..

E quem disse que uma criança que venha ao mundo para viver numa instituição social será desprezada e maltratada?? Se o são é porque deixamos.. Se não há mais instituições destas é porque não as apoiamos!

Ahh, e um bebé que é morto ao nascer, muitas vezes afogado, se calhar sofre tanto ou menos do que um que seja abortado! Já se foram informar das técnicas abortivas? São desumanas...

Temos acesso aos métodos contraceptivos.. Por que não apostar na educação sexual, por que não retirar os pudores e explicar às nossas crianças que os bebés não vêm das cegonhas e tudo o que se segue a esta descoberta?